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Intérprete de Guido Contini (o diretor), Nicola Lama
consegue a façanha de ficar o tempo inteiro em cena sem perder o fio da
meada, mesmo com a sucessão de tipos peculiares que brotam no palco,
como se surgissem de sua imaginação. Ele atua muito bem, dança muito bem
(sem esquecer o personagem, um mérito!), canta muito bem e consegue dar
cabo das duas horas de peça. Seu ponto forte: o talento para compor
personagem.
A alternância entre a eterna postura de menino e a
virilidade masculina de quem projeta os quadris para a frente, como se
fosse um garanhão prestes a papar todas as mulheres, fica visível e a
coexistência entre o garoto que espera a aprovação materna e o homem
maduro em dilema interior fica clara desde os primeiros minutos.
Como se fosse um Zorba, um grego que concilia a alegria de viver com o
aspecto mais visceral (e contraditório) da condição humana. É soberba a
forma com que Nicola roda os ombros para frente o tempo todo, dando a
entender que a neurose – que também é matéria-prima para a genialidade –
grita.
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Entre o elenco, Totia Meireles rouba a cena. “Ela não é uma qualquer”, como diria Claudia Raia, e já surpreendia plateias em meados dos anos 1980 quando dividia com esta a Sheila da antológica montagem de “Chorus Line“ em encenação que ainda trazia no casting baluartes como Roberto Lima, Rubens Gabira, Thales Pan Chacon e Sheila Mattos.
Agora, no papel da produtora Lili La Fleur, ela engole todos como se
fosse um Saturno pronto para devorar divindades olimpianas. Impossível
tirar os olhos dela, que pinta e borda. [...]
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